
Estamos naquela fase especial entre eclipses, em que tanta coisa muda de figura e de lugar. A oportunidade que temos agora é de escarafunchar dentro de nós o que realmente sentimos como Verdade, o que é que sentimos estar mais de acordo connosco e agir em concordância.
O Sol está numa conjunção à Cabeça do Dragão, em Gémeos. Há vontade de seguir em frente, há vontade de aprender, de ensinar, de conversar… Há muita vontade de tudo isto, há mil e uma hipóteses para o que podemos fazer, há milhões de ideias, pensamentos e palavras a abalroar-nos o cérebro, o que nos pode deixar bastante ansiosos e um tanto ou quanto loucos.
Neste momento, o poder é todo da palavra, da ideia, do pensamento. Tanto assim é, que podemos ficar reclusos de ideias e sufocados pelo pensamento. Podemos ficar tontos de tantos planos, esfaimados por saber em que é que cada um poderá resultar…
Mas Mercúrio, o mensageiro, abrandou o seu passo rápido e volta, aparentemente, para trás, no Céu. Dá-nos mais tempo para decidir, para pensar e repensar, para analisar melhor todas as faces da nossa realidade – a que já percecionamos e aquela que queremos criar.
Com Mercúrio retrógrado, as coisas avagaram. Neste tempo em que tudo é imediato, os temperamentos podem exaltar-se com a lentidão de um ou outro equipamento de telecomunicação… Ao passar-se ou receber-se uma mensagem, devemos ter o cuidado de verificar que o outro percebeu o que queremos dizer ou que nós percebemos o que o outro intencionava dizer. Nestas alturas costuma haver mais mal-entendidos e demoras, surgindo a oportunidade para reformular alguns planos, fazer uma maior preparação mental e ganhar mais clareza. Não se costuma aconselhar fazer compras importantes ou contratos nesta altura, mesmo por haver maior tendência para mal-entendidos e para voltar atrás, trocar, refazer, etc. Contudo, esta energia não é nenhum bicho de sete cabeças nem nenhum demónio. Acontece 3 a 4 vezes por ano e muito boa gente nasce com Mercúrio retrógrado no mapa (como eu :D).
Às vezes, voltar atrás é uma bênção. Permite-nos emendar, ou pelo menos tentar emendar algumas coisas. É aborrecido quando temos de desfazer uma peça de tricot (mais ninguém?!) ou quando um trabalho que estávamos a escrever há horas desaparece do computador. Mas esse tipo de situações obriga-nos a desenvolver qualidades importantes como o desapego, a atenção plena, o foco no objetivo e a vontade de fazer ainda melhor.
Voltar atrás não é apenas nesses casos de umas horas. Podemos voltar atrás em anos ou vidas e aprender tanto. Podemos até mudar o passado, o que é tão necessário. Vou ver se me faço entender. A «realidade» tem o seu quê de maleável. Primeiro, porque tudo o que existe são ondas interpretadas dentro de supercomputadores (nós). Segundo, porque depois de transformarmos ondas em cenários de luz, cor, som e infinitas sensações físicas, ainda dizemos ao nosso supercomputador interior o que é bom, o que é mau, o que é assim-assim, assado e cozido.
Ou seja,
O nosso poder reside em dar determinados significados às situações e acontecimentos. E é assim que podemos mudar o passado e desbloquear o presente.
Podemos viajar até ao passado, a esse lugar tão longe e tão perto, porque não existe em mais lugar nenhum senão dentro de nós, ver, ouvir e sentir fisicamente o que «aconteceu». E podemos mudar a história que nos contamos acerca do que aconteceu.
Temos o poder de libertar culpados (nós ou os outros), porque, na verdade, só podemos agir de acordo com a nossa consciência da altura e muitas vezes são os erros que nos fazem crescer em consciência.
Temos o poder de libertar tristezas e perdas, porque cada fim não é mais do que um início de outra fase.
Temos o poder de transformar feridas em forças.
Temos o poder de soltar amarras que outrora alguém nos fez colocar, é só pôr mais fé do que medo.
Temos um grande poder, esse de usar o pensamento e as palavras de forma a construir mundos, a construir vidas. Ou a reconstruir.
Está na altura de pararmos um pouco e domarmos de novo o pensamento e a língua.
Vamos dizer mais coisas que enriqueçam a vida dos outros e a nossa.
Vamos falar mais abertamente, mais docemente. Vamos ouvir mais compreensivamente. Vamos cantar mais.
Vamos direcionar o pensamento para formas mais construtivas, como um bom pai ou uma boa mãe que desvia a atenção do seu filho de uma tomada elétrica para um brinquedo seguro e educativo. Repetir nãos sem fim a uma criança tem o mesmo efeito do que tentar evitar pensamentos negativos e destrutivos. A meu ver, é realmente mais frutuoso quando decidimos desviar propositadamente a atenção para aquilo que queremos.
Cuidado é com as areias movediças das distrações, que abundam cada vez mais e tantas pessoas as acham bem-vindas, na medida em que lhes apaziguam momentaneamente a dor… Podemos acabar uma vida inteira distraídos (e quem sabe quanto tempo é essa «vida inteira»?!), chegando ao fim com a sensação vazia de não se ter feito uma diferença positiva no mundo, no mundo de alguém.
Estamos cá para fazer a diferença no mundo uns dos outros, hoje, amanhã, todos os dias.
Como poderemos fazer uma diferença mais positiva?