
(Hoje temos o artigo disponível em dois formatos: texto, como normal, e audio, mesmo aqui em baixo! )
Escorpião marca a fase do ano em que o Outono realmente se instala e o frio toma o poder, levando-nos a procurar agasalho e proteção no interior das nossas casas.
Na rua, vemos as folhas e os frutos a caírem no chão, a decomporem-se, numa aparente morte. Contudo, para além das aparências, debaixo da superfície, o solo está ativo, está a transformar e a preparar a criação da nova vida, que rebentará mais tarde.
Psicologicamente, também é uma altura propícia a olharmos mais para dentro. Devemos utilizar esta época para descer a níveis mais profundos de nós próprios, aproximando-nos mais uma vez das nossas sombras, procurando as nossas Verdades mais inteiras e libertando alguns aspetos de nós e das nossas vidas que já não são realmente nossos.
Talvez tenhamos andado a realizar acordos connosco e com os outros apenas para manter a paz e as aparências, evitando conflitos a todo o custo… Agora, que a verdade da totalidade de quem somos quer ressurgir, temos de enfrentar aqueles aspetos de nós que queremos negar.
Pode ser uma fase dolorosa, porque temos de lidar com a intensidade de muitos sentimentos reprimidos, de medos não digeridos, de dívidas kármicas… Quando inconscientes, todo este material, que constitui a nossa sombra, nos é apresentado pelos outros, nossos espelhos, até que desenvolvamos a coragem de assumir e aceitar tudo o que é nosso, o Bom e o Mau.
Não aceitar a nossa parte «negra», o «lado lunar», ou fingir que não existe, não nos leva a lugar algum. É uma parte de nós que continua lá, até que decidamos o que fazer com ela, como usá-la, como curá-la…
Nesta fase, devemos ganhar intimidade connosco e perceber melhor o que temos por dentro.
O que realmente desejamos? Mesmo que isso nos envergonhe ou que seja algo que não queiramos mostrar…
O que projetamos nos outros e que são, na verdade, partes de nós?
Que relação temos com o nosso poder? Abusamos dele? Não o usamos praticamente, andando à deriva?
Que segredos guardamos dos outros e até de nós próprios?
Usando estes tópicos para refletirmos acerca da nossa personalidade e da nossa vida podemos reorientar-nos para um caminho mais verdadeiro e mais de acordo com quem realmente somos.
Está na altura de dar a volta à cave da nossa psique e perceber o que tem de ser libertado, o que pode ser reabilitado, transformado e o que, apesar de esquecido, é, afinal, um enorme tesouro para nós.